quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Dias Estranhos

Em um diálogo com um velho amigo:
-"Tem dias....."

Eu restruquei:
-"Que ??"

-Nada cara, é só que tem dias que a gente não sente nada e não se sente nada, manja ?

-Eu como eu vou sentir que esse dia é estranho se eu não sinto nada ?

Calmamente, ele tirou uma folha do bolso amassada e me entregou.

O conteúdo era o seguinte:


"Espelhamentos de penumbras mórbidas,


tepidez que encrespa os corpos em sussurros,


mentes extenuadas nos espectros obscuros,


meras silhuetas indiscerníveis que se imobilizam,


submissas aos áridos ventos que deslizam,


rangem os movimentos ténues das existências,


lânguidos olhares vácuos em delinquências,


precipício invisível que se metamorfoseia,


complexidades em condescendências,


algozes brisas que atemorizam as entranhas,


usurpam os âmagos em demências.



nas paredes carcomidas serão emolduradas,

resquícios de relampejos as iluminam,
Os espelhos invertem as predisposições,


dos nirvanas se emanam putrefacções,


condolências perante os êxtases,


indigências das claridades assombradas,



aos silêncios soturnos se destinam"


Ao ler o papei, fitei-o por alguns segundos. seu olhar tava opacado e desolado.. falou com uma voz cansada;
-Tu tem idéia do que ele tava sentindo ?