Dias Estranhos

Em um diálogo com um velho amigo:
-"Tem dias....."

Eu restruquei:
-"Que ??"

-Nada cara, é só que tem dias que a gente não sente nada e não se sente nada, manja ?

-Eu como eu vou sentir que esse dia é estranho se eu não sinto nada ?

Calmamente, ele tirou uma folha do bolso amassada e me entregou.

O conteúdo era o seguinte:


"Espelhamentos de penumbras mórbidas,


tepidez que encrespa os corpos em sussurros,


mentes extenuadas nos espectros obscuros,


meras silhuetas indiscerníveis que se imobilizam,


submissas aos áridos ventos que deslizam,


rangem os movimentos ténues das existências,


lânguidos olhares vácuos em delinquências,


precipício invisível que se metamorfoseia,


complexidades em condescendências,


algozes brisas que atemorizam as entranhas,


usurpam os âmagos em demências.



nas paredes carcomidas serão emolduradas,

resquícios de relampejos as iluminam,
Os espelhos invertem as predisposições,


dos nirvanas se emanam putrefacções,


condolências perante os êxtases,


indigências das claridades assombradas,



aos silêncios soturnos se destinam"


Ao ler o papei, fitei-o por alguns segundos. seu olhar tava opacado e desolado.. falou com uma voz cansada;
-Tu tem idéia do que ele tava sentindo ?

O cheiro da chuva

Bom. é perceptível a variança climática que tem acontecido ao logo do tempo. Muito se deve ao aquecimento global, e a cortina de gazes tóxicos do efeito estufa cobrindo o planeta, e assim, continuamente, influenciando diretamente nas relações temporais e climáticas do nosso planeta azul. E aqui em Goiânia, tá complicadíssimo, tempo quente e seco, umidade do ar baixíssima e chuvas prevista só para setembro. Oh louco, desse jeito é beber água igual um camelo e torcer para não nenhuma irregularidade nas minhas vias respiratórias.Já sofri muito de sinusite e sei como que é dose, a sensação de faltar o ar e dor de cabeça digna de uma ressaca daquelas. E como foi comentado a pouco sobre chuva, vai aí um textículo que fiz sobre a chuva. È das antiga, mas é atual :D

O cheiro da chuva

"Noite chuvosa , noite agora , noite aurora

O néctar da nostalgia presa a gotas de orvalho do céu

Cada pingo de chuva uma lembrança , um sorriso, um corte..

A chuva cai linda e exclusiva , como se cada alma fosse "forte"

A tranquilidade , o sussego ,  o aroma daqueles dias de mel

A euforia , a estapafúrdia soturna sobre o meu vel

Ah se toda lembrança boa fosse uma garoa...Banhos de alegria

Ah se tragédias fossem um temporal...Um medo descomunal

Atemporal é o periodo do inicio ao fim , o meio são ritos de passagem

A chuva vem e vai , do extâse a vassalagem

escravo das minhas lembranças , servo do mau , interpestivo soberano

ironia do destino , a chuva vai embora e perco o meu encanto

breve é a vida , efemero é o sabor...duradoura a saudade , eterna é a dor

Ah se alegres memórias fossem chuviscos...sorrisos e sorrisos

Ah se insuperáveis erros fosse um dilúvio...hei de me tornar...viúvo

Chuva, banhe cada coração de alegria , as mentes de sabedoria

Caia infinitamente , quando vc vem do céu estrelado , me retorno ao passado

Voraz , Sagaz , efemero , inebriante , coração magoado

Chuva vem devagar , mas intensa sempre tornar-se-há

Porque a cada gota , do meu passado irei lembrar, Recordo-me ainda de março , quando chovia

As aguas de março me dizendo lá no âmago : Sorria!"

Sau(mau)dade

Sau(mau)dade


Há algo pior do que a saudade ?
De ter apenas a certeza da verdade 
Que co-existiu no tempo e no espaço
E se prendeu aos grilhões do passado!


Há algo pior do que a saudade ?
Incapacitado novamente de viver
Aqueles inesquecíveis momentos de prazer
Olhar o vazio e se perguntar "E agora , o que irei fazer ?"




Há algo pior do que a saudade ?
Sabores , Odores , Sentimentos , Carinho
Não poder compartilhar com alguem... Oh isensato destino!
Saudade dói mais do que  estar sozinho!




Ha algo pior do que a saudade ?
Degladiando-se com a nostalgia
Crescendo com espinhos a cada dia 
Tirando lhe a paz , o sono , a harmonia ?




Ha algo pior do que a saudade ?
Cade voce(s) ? Por onde anda(s) ? Como está(s) ?
Saudade é uma das armas do mau-voraz
Para lhe fraquejar e lhe tornar incapaz!




Ha algo pior do que a saudade ?
Querer sempre a eternidade 
Viver o "pra sempre" agora e nunca mais tarde
Então, se  fico para trás...Porque nos leva a afrontar a felicidade ?




Há algo pior do que a saudade ?
Ser tomado por completo pela escuridão
Seu desejo enclausuraudo na masmorra da solidão
A mente solicita um descanso ó coração!


Há algo pior do que a saudade ?
Seu corpo pesa , a alma fraqueja
Uma nau que sem rumo veleja
Implorarando para reviver nem que seja um minuto que seja ?




Há algo pior que a saudade ?
Lembranças , Sonhos , Memórias
A perfeição emergiu naquela hora
E a decepção contempla o agora






Ha algo pior do que a saudade ?
Lembrar de cada detalhe daquela aurora
De cada palavra,gesto,olhar,toque da pessoa na hora
Sau(mau)dade amigo...È o que eu e o senhor estamos sentindo agora...!




Em homenagem a minha amada vó. que jaz no céu em meio as estrelas, brilhando e orando por todos que admiravam-na.

Segunda Feira Cinza

Quero...

"Quero sentir o tempo nas veias
em vez de sangue e tristezas

Quero respirar o amor
e ter certeza que a vida não é só dor

Quero tocar o céu, a lua e as estrelas
em vez de plebeu, ser da realeza

Sinto que estou cansado
os tempos passaram e eu fiquei parado

Passou os carro de bois, dos lavradores
seguindo a trilha do vai-vem
sempre com o sorriso no rosto e a esperança além


Semeei hectares de solidão
Só me resta minha honra e coração..."

Walter Luiz*

Uma rua....

"Uma rua não é só uma rua, é um caminho
e o caminho não é só um caminho, é um destino
No asfalto e no concreto, surge o abstrato
Ver além dos olhos, enxergar com sentidos
 

Da realidade, nasce a  loucura real
poucos enxergam além do normal


Faça acontecer, desapegue-se....ou desperte-se..."
 

Walter Luiz*

Se tiveres arma, cuidado.

Pode acreditar :D

Mais um pouco do mesmo.

Às vezes me sinto como o rapaz ao lado, só que sem esse mar para admirar e entoar seus deuses curandeiros. 

Veja, eu falei sentir, porque é a impressão sensitiva que a foto passa para o expectador: o protagonista solitário e cabisbaixo. Entretanto, na realidade é desnecessário  ter e analisar uma foto dessa para que se possa ressaltar a solidão e a melancolia das pessoas. È só olhar com mais capricho ao seu redor, que se enxerga  a clausura, as masmorras mais profundas e atrozes em que nos encontramos. "Nos", porque somos os seres humanos, evoluídos e tecnológicos, racionais e críticos, alienadores e dominadores do planeta que rompem fronteiras de todas as espécies, seja ela virtual ou não, para no fim do dia, retornar ao seu velho cubículo e antro, reconhecido popularmente como lar. Cheguei, ufa, já tiro os sapatos, as roupas, pego um copo d'áagua e vou me preparar para dormir, opa!! mas antes dexa eu dá uma conectadinha para ver se alguem tá on. Estou  entediadoa gora, não tem nada na tv, ninguém on para conversar e esqueci de comprar revistas e livros novos...Putz.... Que noite! To sem sono! Onde está a minha pílula ? Hummmm vou ligar pra alguém... tecpluctectac. (chamando) "O celular se encontra indisponivel...e Fora da Àrea de Cobertura" Aì é chato, parece que eu escuto essa voz interior também "Estou Fora da Àrea de Cobertura". Fico com medo do desespero, vou tomar banho, quem sabe me relaxo e o sono venha com a soberba de sempre. Hummmmm. Vou dar uma volta na rua, tá tarde,  não rola, alguém pode me assaltar, Ahh no supermercado dá pra comprar umas cervejas no cartão. Fui. Mesmo caminho de sempre, mesmo vagabundos e degradados na rua. Merda! Só tem cerva quente, vai demorar pra gelar. Ah tem gelo em casa. Daqui umas horinhas fica excelente para se tragar.. Hum essa rotina repete contigo ? Não! Sorte sua, se não viraria um alcóolatra. Volto pra casa, ponho a cerveja na geladeira, humm, aquele frango com açafrão, ta me chamando hein ? Vou comer e ver um pouco do jornal, já tá na hora. Extra :Maradona e Dunga são aplaudidos no retorno ao seus respectivos países. Grandes Merda!. Um pouco de calor humano e leveza nas palavras, o veneno e ira são convertidos em compaixão, mesmo que no fundo do seus pensamentos ainda sejam puros: veneno e ira. Ah já deu hora vai começar o Programa do Jô, vou ver as piadinhas inicias e as atrações e vo dormir. Quê ? Nunca ouvi falar nesse cara, kkkkkkk. O Jô é engraçado. Pesquei, e de súbito me lembrei que tem por o celular pra despertar e recarregar, se não já viu né ? Arrumo uns papéis, roupa, surfo um pouco mais na net, olho meu email (só spam), entro nos blogs e sites dos meus amigos (nenhum F5), orkut no scrap e no comments e tantas outras redes sociais que não sei porque criei conta, são sempre os mesmos amigos,  quando não são, são apenas antigos colegas de seus antigos amigos, ah internet é legal, nunca te deixa só, sempre conectado! Vou atualizar minha playlist para dormir, humm Pink Floyd, Blues, Enya. Se bem que até começar a cantoria de "Shane On You Crazy Diamond" eu já to dormindo.

Putz que noite, acontece com vc também ? Se sim, é uma mera coincidência :P Se não, e lhe impertiga as idéias, é mais um pouco do mesmo,  só.

Estive pensando...

Estive pensando...


Vamos ver se consigo , mas seu texto é precioso e preciso, do jeito que eu gosto. E te digo mais , mulher é como o mar, tem ondas que vc fura, passa por cima, enfrenta, e até surfa, já tem outras que te dão caixotes memoráveis e tem as tsunami, arrasa-quarteirão. :D

Mas nós homens temos muito mais a oferecer que as mulheres pensam. Não só de cerveja e sexo vive homem, na maioria das vezes, é isso mermo, mas temos livros também :D

A vida é uma estrada sem chão...

Eu, jovem: Avassalador, magnânimo, incoerente
Eu, adulto: Ponderado, obstinado e pungente
Eu, jovem: Risonho, lívido e sonhador
Eu adulto: Obtuso, carrancudo, dosador
Eu jovem: Peito aberto, egocêntrico, atrevido
Eu adulto: Racional, cínico, absorto

Eu adulto, sobrevivo as nuâncias rotineiras, méritos dos meus sortilégios
Eu jovem, a brisa inocente se encerra sob a tempestade de um amor deletério
Eu adulto, respeito o meu reflexo, sem medo de encarar o espelho
Eu jovem, quantos e quantas, riram deste pobre fedelho ?
Eu adulto, construo vigas de uma obra de engenharia social
Eu jovem, atração descomunal pelo anormal


Jovem: Irônico, Tendencioso, Anarquista
Adulto: Emblemático, Auspicioso, Materialista
Jovem: Sexo, Drogas e Prazer
Adulto: Recursos, Repousos, Reter
Jovem: Vistoso, Companheiro e Acompanhado
Adulto: Rato, Homem, Solitário

Jovem,descobri que o amor ás vezes é capcioso
Te seduz e no final te flagela.
Adulto, descobri que do amor só se sobra sequela.
Jovem, me alentei com a vida, e adulto, sustento a ferida.
Jovem, julguei conhecer tudo o que necessitava aprender
Adulto, tenho impressão que só me resta o que eu ainda tenho que saber.

E disso tudo, me questiono se sou um adulto jovial,
ou  se continuo jovem, porém, um pouco mais adulto.

A vida é uma estrada sem chão....

Satisfação

"Junto com o sucesso vem uma reputação para sabedoria." (Eurípedes)

Carnaval

Todo mundo diz que o ano só começa depois do carnaval. Eu discordo, eles simplesmente se ex tendi. Pois, nós humanos preferimos a doce fantasia das nossas ilusões que a realidade cruel e implacável que temos que enfrentar diariamente. O princípio do ano começa na mesma "toada" que a virada. Folgamos no trabalho, desleixamos nas férias, tentamos complementar projetos do ano interior e em contra-partida, damos início a novos projetos, e esperamos ansiosamente o feriado do carnaval, para posteriormente desenvolvermos nossas costumeiras atividades. Acredito, que a festa da carne, é sublime só por isso : Criar em nós, um sentimento de auto-potência em que excluímos da nossa lista de prioridades, a vida cruel e dolorosa da rotina massante de nossos dias. E buscarmos o pote dourado depois do arco-íris, regrada a álcool, risos, amizades, sexo, e outras "cocitas más".

Ah quem se importa. È carnaval! Opa me despeço de vocês. Meu bloco já esta desfilando na rua.

Uma segunda ótima para um samba

Samba para você

Vou cantarolar um samba para você

Esse samba, não é de dor e nem de perder

É samba de sorrir e contemplar

Samba de amor e consagração

Samba para curar a dor do seu coração

Chega de tristeza e pesar, pois o samba, já se é feliz de cantar

Samba pra mulata dançar, samba pro cavaco chorar

Samba pro carnaval entoar, samba pra escola ganhar

Se não gosta de samba, sai de fininho

Porque ninguém cala o samba, o samba é porta-bandeira

È o motor cultural de uma favela inteira

O samba é a jóia do morro, o samba é um grito de socorro

A cuíca ronca, o tam-tam é denso, o samba te conforta, cabra tenso

Quem canta samba é um cara de sorte, o samba é de vida e não de morte

O samba é alegria de uma nação, é arte da música em sua mais sublime criação

Samba pra mulata dançar, samba pro cavaco chorar

Samba pro carnaval entoar, samba pra escola ganhar

Vou cantarolar um samba para você

Essa samba, não é de tristeza e nem solidão

É samba de natureza fiel de um sangue bom

Que enfrenta a dor cantando, pois o samba lhe concedeu esse dom.

     

Ode ao samba                                                                                                 

 

 "O amor uma vez entristeceu, quando o corpo de si esnobou

 O amor não parava de choramingar, quando então a voz o ensinou a cantar

 O amor não conseguia aprender, aquele som que só a voz poderia fazer

 O amor pediu então pra parar, a voz então mudou o tom, inventou o samba

 E o samba chegou no amor e disse : Vem cá, quem ta na roda, é pra sambar

 O corpo vendo o amor sambar, achou que aquela música poderia cantar

 Juntou-se com a voz e cantou: O samba que só o amor sambou

 Desde então quando tem samba no ar, o amor não para de contagiar,

 mexendo o corpo com seus toques, e a voz canta que canta sem desafinar."

Só a música (tipo estas) pode me salvar..

 


Preciso dizer mais alguma coisa ? =)

E me desculpe a falta de coesão

Imerso em meus pensamentos eu me indago: "Será que importa ?"  "Importa tudo o que eu sou e o que eu faço ?" Não importa se importa. È simplesmente inadimíssivel este tipo de pergunta. Porque somos uma pergunta, e buscamos desesperadamente as respostas,  a sangue e suor. Este é exatamente o karma dos homens. Ser uma resposta e não uma pergunta, ser uma realidade e não  uma promessa, andar na pedra descalço e não nas nuvens como supõe os sonhadores. Aliás, os sonhadores, seres intocáveis donos do seu próprio caminho, mau sabem eles que no final se acabarão sozinhos, pré-julgados pelos seus loucos devaneios. Moeda, quantias, valores, a busca frenética pela delícia dos sabores que podem proporcionar. A sensação de se impor, poder e auto-potência. "Boss Desires". Olha eu sou esse aqui, tá aqui meu currículo. Mas e o histórico, será que voçe acreditaria nas coisas que eu fiz para chegar até aqui ? Na verdade não, seu hipócrita. Ninguém acredita, essa é a verdadeira felicidade impessoal intrasponível, as conquistas que estão intrínsecas em nosso ser, as experiências indescrítiveis que passamos, as dores monumentais que suportamos, e continuamos em frente sem nos abalar, forte como um touro. A única fraqueza foi o amor que não conquistamos.O amor potencial...Como fomos idiotas, acreditando que poderíamos doar, simplesmente doar, sem nenhum constragimento, pudor ou impertinência, inocentemente o nosso coração ? Risos. Ninguém quer nada seu que não tenha um mínimo de serventia. È assim mesmo voçe se resigna. Aceita que por mais que tu queiras mudar o mundo, certas coisas não tem mudanças. elas simplesmente co-existiriam em seu devido espaço-tempo. Entretanto, contraditoriamente, aceitamos a mudança como sendo a única coisa substancial do universo. Na verdade, não é mudança, é evolução, para alguns não mudaram absolutamente nada, continuam vivendo suas vidas em ritmo lento e espaçado, esperando felizes o chamado divino. Deus, a deus..., tentaram antropomorfizá-lo e conseguiram, no final, há custas de milhares de vidas. Irônico não ? Aí aprendemos a tentar assimiliar o estranho mundo que nos cerca, as pessoas, as flores, as atitudes. Eu sei coisa que voçe não sabe, e voçe sabe coisa que eu não sei. Vamos trocar informações ? Não. Eu vou te ludibriar, manipular, usar toda minha malévola qualidade carismática e sugar como parasita, todas as qualidades até não necessitar nem mesmo a sua vertiginosa presença. Há troco de quê ? Não sabe ? Eu te explico...PODER. Isso, poder , eu posso, eu quero, eu consigo. Não não, isso não é egocentrismo ou arrogância é sobrevivência, meu caro. Quem mandou se afeiçoar a  mim ? Eu não te pedi isso, lembra ? Aliás eu não te pedi nada, foi voçe que quis fazer, até porque se não gostou fale com meu advogado (ha ha ha) Piada lembra ? Eu sou engraçado, esqueceu ? E é assim , eu sou e voçe não é . eu posso e voçe não, eu quero e voçe nem desejo de almejar tem. Eu li mais livros que voçe. Eu sei tocar violão. Eu consigo durmir 4 horas por dia apenas,  tenho licença para dirigir até caminhão. ha ha ha. E voçe ? O que voçe tem ? Cárater ? kkkk. Passe adiante

Vou te dar um conselho: Apenas não olhe para trás, prossiga, e deixe que o tempo te leve para onde ele quiser, mas não seja ingrato, divida seu pão, lave suas mãos e seja alguém de respeito. Mesmo que para conseguir respeito, respeitar, talvez não seja  o primeiro dos passos. Entretanto, no seu fúnebre leito, vais olhar para o vazio e simplesmente perguntar: "Será que importa(ou) ?" Feche os olhos. Transcenda. E me desculpe a falta de coesão.

O Haiti não é aqui.

"Estimativa de que morreram em torno de 100.000 pessoas vítimas do terremoto no Haiti". Governo do Haiti


"Mais tarde, no entanto, estimou em até 50.000 o número de mortos".


"Terremoto no Haiti pode ter matado CENTENAS de MILHARES de PESSOAS"


"Prédio de 5 andares da ONU em ruínas no Haiti".


"Militares brasileiros morrem no Haiti".


"Corpo de Zilda Arns chega ao Brasil nesta quinta-feira".


"Maior parte de Porto Príncipe destruída".

E qual é a boa notícia ?
- Ah....O Haiti não é aqui, Caetano.

INIMIGA DA LUZ

Âmaga abriu lentamente a porta da sua casa, após três consecutivos giros no sentido horário da chave adornada pelo chaveiro que exibia uma foto dela com seu filho recém-nascido. Este veio há falecer horas depois do trabalho de parto, após meses de anseio, esperança e sacrifícios. Ela adentrou a sua bela casa, repleta de decorações místicas remetendo a uma atmosfera de profunda paz, a inéditos olhos. – Inspirou profundamente, até sorver por completo os pulmões: “Mais um dia de missão cumprida”. Expirou normalmente, colocou a bolsa e as chaves do carro em cima da mesinha de vidro com uma vela acesa a sua esquerda. Retirou com certa rispidez as sapatilhas que insistiam em criar calos em seus tendões. O suéter cor de abóbora logo já estava em cima da poltrona no centro-fronte da sala de visitas, que em acima resguardava a clássica “Retirantes” do saudoso Portinari. Lentamente, arrumando o cabelo sedoso escuro e longo e enxugando o suor das têmporas (fazia calor em Goiânia nesta época do ano) dirigiu-se para a cozinha para compensar a sede com um belo exemplar de uma polar long neck. Digo belo, pois há tempos estava na geladeira e aquela espessa camada de gelo rodeava por completo o corpo do vasilhame. Tomou um longo trago após a verificar que não estava congelada, apenas pós-gelada, se permitem dizer. Âmaga tinha se tornado uma deveras alcoólatra, após a morte do seu querido filho, a cada gole, sentia como se aquele líquido na garganta a livra-se do ar sulfuroso que eventualmente originava nó em sua garganta, somente pelo princípio de imaginar sua prole ao seu lado seja em qualquer situação ou lugar. Saiu da cozinha e subiu a escada, que resultava em seu quarto e de Almo, seu marido há quase 7 anos,- desde que começara seus estudos em etnobotânica na Faculdade Ayahuasca na Amazônia. Almo, fiscal de órgãos governamentais ligados a cultura e meio ambiente não se encontrava na residência. O casal havia se mudado para a capital de Goiás, logo após a conclusão acadêmica de Âmaga. Ele - foi transferido para aquela comarca, já ela – ganhara bolsa de estudos para investigar e estudar uma exótica planta do cerrado goiano, cujos frutos atribuíam manifestações espirituais a quem o ingerisse. O falecimento, de Esperanto, fruto da união carnal do casal, já completava um ano e nove meses. No seu quarto, âmaga despiu-se e deitou na cama, se lamentou porque a cerveja acabou e da solidão interior que a casa lhe preenchia. - A casa, era uma senhora casa: 4 quartos, sendo 3 suítes e 1 de empregada, sala de visitas, salão de jogos, banheiro para convidados, cozinha com dois acessos a enorme varanda aos fundos, recheada de flores, frutos e plantas de diversas espécies, plantada e escolhida a dedo de Âmaga, duas redes para dormir hasteada nas vigas que sustentavam o quarto da despensa e o tanque para lavar roupa e garagem lateral a varanda, cabendo dois carros confortavelmente sem trabalho para motoristas desatentos Enfim, era uma casa que agradaria qualquer materialista moderno -. Todavia, âmaga sentia em seu âmago, uma cigarra em que crianças traquinas dão um laço em sua cabeça, e usam o próprio inseto como brincadeira, e este, saem cantando desvairadamente tentando procurar alguma árvore para manter o equilíbrio do seu ciclo vital. E o canto dessa cigarra, gradualmente ia enfraquecendo. Levantou-se da cama coçando a nuca, ao seu lado, por cima dos ombros viu os porta-retratos vazios que comprava para futuras fotos de Esperanto. Deu um sorriso lastimoso, foi ao banheiro tomar o seu conhecido, banho demorado. Enquanto a banheira se enchia com águas termas, Âmaga ligou para o marido: chamou inúmeras vezes e caiu na caixa de mensagens. Despiu-se por completo, entrou calmamente na banheira e imergiu na banheira, com aquela idéia hipócrita de que as águas poderiam limpar seu coração das sujas agruras da vida.

Almo estava exasperado com a bagunça do seu gabinete, fruto das trapalhadas do novo estagiário que preenchia a sala na ausência do seu dono. Almo estava de viajem fiscalizando denúncias de que fazendas aos redores de Goiânia havia contaminando efluentes de rios com lançamentos de rejeitos e dejetos contaminadas com agro defensivos. Seu trabalho em Goiânia resumia a ir e vir, analisando, fiscalizando as inúmeras denúncias que chegavam a seu gabinete: Destruição de Patrimônio público, Animais Silvestres mantidos em cativeiro, Desmatamento sem autorização prévia de Órgãos competentes, Empresas sem a qualidade necessária para manter suas atividades poluidoras, Mendigos e degradados invadindo teatros e museus procurando abrigo para dormir, dentre outras diligências. Almo, era um sujeito notável pela sua aparência e admirado pelas suas atitudes íntegras e honradas. Dono de uma organização e respeito a horários perfeitamente notáveis. Sujeito equilibrado e perspicaz. Diziam as más línguas que no departamento onde trabalhava, ele era o segundo na escala de poder e hierarquia, só perdendo para o Senhor Doutor Fernando de Costa e Silva, que detinha esse título há quase 50 anos, mesmo após a sua aposentadoria. Almo, não se importava com isso, em seu seio, orgulhava de ser um empregado competente e um funcionário público digno de aplausos. Em seu gabinete, Almo arrumava pausadamente cada anarquia que encontrava, tinha um profundo senso e habilidade de não manifestar suas iras, mesmo, com toda aquela bagunça de papéis, documentos, chumaços, canetas, clipes, pastas...até uma xícara de café suja estava na sua mesa de carvalho seco, que Almo fez questão de trazes do seu último local de emprego. “Já era esse estagiário” pensava rancorosamente.
No meio dessa arrumação seu celular tocou. Almo nem fez questão de atender, pois sabia que era sua mulher que ligava. “Puta que pariu! Essa mulher não é mole” Deixou o celular tocando até cair a chamada. “Depois eu retorno” pensou com seus botões. Depois de alguns minutos sua mesa já estava do jeito que a deixara quando viajou. Arrumada, organizada, quase lívida a quem olhasse. Saiu, trancou a porta, despediu dos outros funcionários, bateu o ponto, atravessou a rua, caminhou cerca de 350 metros e quando virou a esquerda, o outdoor “Bar do Brou” que exibia lhe garantiu sorrisos de satisfação. Quando chegou ao bar, seus amigos de ofício já se encontravam, entregues as histriônicas risadas e divertidas brincadeiras que o álcool proporciona.
“Uai Almo, demorou pra caramba hein ? que que estavas fazendo rapaz ?” –perguntou lhe, Bertoldo, O gordo, que o apelido fazia jus ao seu arquétipo físico.
“Oh gordo, começa não, hoje viajei cedo para uma fazenda perto de Ara Goiânia, pessoal lá me recebeu com berro nas mãos, foi canseira, entenderam que a gente era sem-terra, rapaz, e no desembaraçar dos fatos, quando cheguei ao departamento agora a pouco, aquele imundo do novo estagiário, por cargas d’água sabe lá, bagunçou meus papéis todos. E como cereja do bolo, a Patroa não para de me ligar”-Encerrou o enfurecido comentário exibindo o celular para o amigo.
“Relaxa Almo, senta aí, pede um copo, toma uma gelada, e vamos curtir a vida”-Complementou Orestes, que se dizia parente distante de Luiz Carlos Prestes.
“Com cerveja!” Comentário entedia mente repetitivo em diversos rodas de bares por este mundo afora, mais incisivo para a ocasião. E por menores que seja comentar, o celular de Almo não parava de tocar, até irritá-lo e num veemente gesto, desligou-o.
Retornaram a prosear, histéricos e ansiosos, sobre futebol, trabalho, mulher, dinheiro e com menos intensidade e mais peso na voz, família.

Deliberadamente Âmaga, deitou-se em sua cama após o banho e as apalpadelas com os infindáveis cremes em sua cabeceira. Estava a ler o belo exemplar do livro “Fausto” de Goethe. Ficava-se imaginando se Almo poderia sentir um dia o turbilhão de emoções que o protagonista do livro sentia por Margarida, excluindo o seu nefasto destino e o pacto com o “inimigo da luz”. Procurou o telefone, decidiu para si mesma que seria a última vez que tentaria ligar para o marido. Com a mão e polegar esquerdo, canhota por natureza, teclou no inventário de chamadas, escolheu o número e discou. A cada sinal de chamada, sentia algum tipo de objeto afiado estocar o seu coração. Chamou seguidas vezes, até cair na familiarizada, caixa de mensagens. Em um acesso gratuito de raiva, arremessou com rispidez o telefone na parede, e este se despedaçou. Abriu com voracidade a primeira gaveta da cabeceira onde continha os cremes, pegou um chumaço de papel e uma caneta, em largas passadas dirigiu-se a cozinha, abriu a geladeira, tomou uma lata de cerveja, sentou-se, e pôs a escrever. No processo de escrita, antigas anedotas causou-lhe sorrisos eufóricos. Textos com descrições de futuras situações em três. Logicamente, se seu filho não partisse desta, para melhor. Entretanto, não havia três, tampouco duas. Exista apenas ela. Pensava Âmaga, com rancor. Rancor de quem vê um presente diferentemente do que no passado, pôs a construir, com amor e astúcia. Sentimentos e Habilidades que não valem absolutamente nada, se não existir partilha. Estranhou as lágrimas que umidificavam a sua face. Eram frias, escusas. Não sentia apenas tristeza e solidão, sentia o vazio, o vácuo, mergulhada na escuridão do presente, sem vida, sem cor, sem nexo. Além da compreensão popular, cada ponto do seu corpo estava adormecido, tenro. Sua alma estar-se-ia amordaçada. Fechou os olhos. Viu uma luz opaca, trêmula. Obstinada foi ao encontro dessa luz, afastando contraditoriamente, a cada passo que executava em sua direção. Sua mão tocou uma camada fria de azulejo, e aos poucos uma placa de metal com pregos que sustentava objetos. A luz, agora, histriônica e lívida, era qualificadamente interessante, em vista aos sentimentos que agora, Âmaga sentia por completo. Esta luz lhe exaltava conforto, comodidade. “Minhas forças estão escassas, estou exausta, não combati o bom combate” – Dizia a si mesma. Aliás, não sabia se tinha dito ou escutado. Aparentemente, era tudo a mesma coisa. Sua mão tocou um cabo roliço na placa da parede, anatômico, agarrou-lhe com força impetuosa. Sua jugular parecia enxada e doer-lhe, como se a enfermidade “bócio endêmico” na verdade não fosse ao pomo de adão, e sim nessa região. Lentamente, a lâmina fria serpenteava pelo pescoço de Âmaga. “Que alívio”-Escutou novamente a voz. Contudo, a luz estava chegando, aproximando, encurtando, não conseguia mais abrir os olhos, a luz lhe cegava por completo, após Âmaga sentir se agarrada pelos tentáculos luminosos. E em um gesto rápido, prático, cirúrgico, a lâmina adentrou o seu pescoço, abrindo-o, esquentando-o. O sangue a jorrar como cataratas. E a luz ora esplêndida, ora misteriosa, se tornou a mais profunda e densa que se possa imaginar.

“È meus amigos, deu minha hora”. Almo se levantara, despedindo de Gordo e Orestes, quase derrubando os vários vasilhames de cerveja expostos na mesa Âmaga tinha acabado de ligar, o que deixou Almo irritadíssimo, já não contente pelos acontecimentos do dia. “Essa mulher é dose” pensou. Retornou ao departamento, verificou se sua sala estava de acordo com o que tinha deixado, para constar-se. Entrou no elevador, desceu até o estacionamento, entrou no seu carro, deu a partida, e tomou o caminho para a sua residência. “Âmaga que se prepare, vou provar na cama, a minha ausência” Divagou deliciosamente, enquanto tentava ligar para a esposa. “Diabo, que não atende, deve ter ido dormir”. No som do carro, Almo cantava alegremente todas as músicas de “Cartola-1976” por mais contraditório que se possa parecer. “Quem me vê sorrindo” disse para si próprio. Pisou fundo no acelerador. Há dois quarteirões da sua casa, colocou o carro em porto morto, para chegar sem fazer barulho e ter perigo de acordar esposa. Almo sabia, e como sabia, acordar Âmaga do seu merecido sono, sem aviso prévio, ou com métodos nada carinhosos. Estacionou o carro, ligou mais uma vez para a esposa para certificar-se que ela realmente estaria dormindo. Abriu lentamente a porta da sua casa, após três consecutivos giros no sentido horário da chave adornada pelo chaveiro que exibia uma foto da bela esposa com seu filho recém-nascido. Adentrou, trancou a porta. Colocou a sua pasta ao lado da bolsa de Âmaga e a chave na mesinha de vidro, pensou em ir à cozinha, mas exitou-se. Subiu as escadas lentamente, para não fazer qualquer tipo de ruído. Entrou no quarto. Estava vazio, o livro de Goethe sobre a cama. O quarto estava em silêncio. Dirigiu-se ao banheiro. Talvez a esposa pudesse, após a leitura, ter querido tomar um de seus famosos banhos. Constatou que estava errado. Uma subida e histérica intranqüilidade envolveram o seu espírito. “Querida!”. Chamou. “Querida!”. Gritou. Quando desceu as escadas e já totalmente tomado pelo desespero, -pois não era comum, nesse horário, Âmaga não estar em casa, sem pelo menos um aviso- entrou na cozinha e a cena que viu, lhe deixou terrivelmente horrorizado: 5 latas de cerveja em cima da mesa, o corpo da esposa ensangüentado, jazido ao chão, de modo que se fosse um fantoche, sem elasticidade, ou forma que habitualmente Almo estava acostumado a ver. Caiu de joelhos em prantos, sem direção, chorando compulsoriamente, as mãos a cabeça, os olhos esbugalhados em direção a sua amada esposa. Parecia não acreditar na cena a sua frente. Viu um chumaço de papel ao lado das cervejas, não hesitou e rapidamente pode ler, em uma caligrafia trêmula e garrachanda – “A pior dor mundo é amar algo que nunca se pode ter”. Enquanto as lágrimas manchavam o pedaço de papel e a culpa e remorso tomavam por completo o coração e alma de Almo.


Walter Luiz Baptista Filho
10/01/2010


Vontade de ver o mar

Putz tá calor pra caramba, é o verão mostrando todo o seu esplendor e força. E essa estação, me deixa nostálgico quando relembro inesquecíveis momentos a beira mar, com família, chopp, camarão, galeto, bife com batata frita, farofa de ovo com salsinha, um tipo de salsichão que sinceramente nunca mais comi igual, mulheres voluptuosas de biquini, Mud Bug, Búzios, Petrópolis, Teresópolis, shows na orla da praia, reveillon com milhões de pessoas, fogos de artifício inacreditáveis, biscoito globo, sanduíche natural, copacabana, barra da tijuca, leme, São Januário, Maracanã, Norte-Shopping..Estátua do Drummond na orla e o mar...... oh vontade de ver o mar.

Vontade de ver o mar
Mergulhar, furar a onda

vontade de ir a praia
Tomar aquela cerva gelada

Andar no calçadão
encontrar o amor, o pulsar, da vida

òculos escuros, protetor solar
deixar o tempo passar

Vontade de ver o mar
sentir o vento e a maresia

vontade de ir a praia
comer camarão e dá risada

Andar no calçadão
sentar, tocar violão

Oh..vontade de ver o mar.